No dia 21 de Junho, no Museu
Nacional de Arqueologia, no âmbito do programa “Peça do mês comentada”, foi
palco de uma interessante exposição, efetuada por Manuela Cantinho Investigadora
da Sociedade de Geografia de Lisboa, acerca da Máscara Dembo atualmente
presente na exposição temporária “Africa Reencontrada: o ritual e o sagrado em
duas coleções públicas portuguesas”.
Incluída no acervo do Museu
Nacional de Arqueologia, a Máscara Dembo (Angola) Nº E 6882 foi recolhida
durante uma campanha militar portuguesa em 1913, ao dembado (região controlada
por um Dembo=Chefe) de Cacula Cahenda, localizado a norte de Luanda. Nesta ação
militar foram apreendidos muitos objetos, que foram oferecidos ao Museu da Sociedade
de Geografia de Lisboa. A ficha de inventário do MNA apenas apresenta o nome do
doador (Carlos Maia Pinto) que teria transmitido a José Leite de Vasconcelos a
informação ali conservada “Máscara dos Dembos, Caculo Cahenda).
Na mesa, apresentando a
conferencista Manuela Cantinho, António Carvalho, acompanhado por Ana Isabel
Santos co-comissárias da exposição.
Segundo a investigação de Manuela
Cantinho foi possível concluir que a máscara teria integrado o espólio recolhido
pelo alferes David Magno, no forte de Santo António de Cacula Cahenda, que
comandou a referida campanha militar de 1913.
Segundo Manuela Cantinho, este
artefacto apresenta uma série de características muito raras. Destaca-se o
facto de ser dos poucos exemplares que ainda exibem pintura (em meados do
século XX apenas eram referidos em testemunhos orais) e de conservar ainda um
fragmento de vidro espelhado numa das aberturas para os olhos. Esta particularidade,
presente em estatuetas Ncongo, é até ao momento, única em máscaras faciais.
Pelas suas especificidades é
possível que fosse uma máscara de um adivinho-curandeiro (quilamba), desconhecendo-se
no entanto qual o traje que completaria esta máscara bem como a sua forma de
utilização/posição.
A preleção sobre este artefacto
terminou em plena exposição, uma cooperação MNA/IICT, comissariada por Ana
Isabel Santos e Ana Cristina Martins, onde puderam ainda ser apreciados alguns pormenores
e complementada a apresentação com algumas observações, numa viva troca de
ideias entre os participantes deste evento.
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