24/11/2015

Peça do mês de novembro

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objetos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, mas também de aquisições, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e colecionadores.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às coleções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de bens culturais classificados como “tesouros nacionais”.

Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas coleções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.

Anverso
Reverso
Pormenor
PEÇA DO MÊS COMENTADA
28 de novembro de  2015, às 15h:30
A apresentar por António M. Monge Soares

OS BOTÕES DE OURO DOS RATINHOS
(Barragem do Alqueva, Moura)


Durante a intervenção arqueológica de campo levada a efeito, em 2006, no Castro dos Ratinhos, junto à Barragem do Alqueva, sob a responsabilidade de Luis Berrocal-Rangel e António Carlos Silva (intervenção publicada no suplemento nº6 do AP), foi encontrado um pequeno tesouro constituído por sete botões em ouro, os quais podem ser observados na exposição "Alqueva: 20 Anos de Obra, 200 Milénios de História".

Os botões apresentam dimensões e decorações praticamente idênticas, o que os torna num conjunto tipologicamente muito homogéneo. São constituídos por um disco, com cerca de 10 mm de diâmetro, que apresenta no anverso, como decoração, uma calote esférica central em relevo, rodeada por dois ou três círculos também em relevo, tudo obtido por repuxamento a partir do reverso. No anverso observa-se, ainda, que a periferia do disco se encontra sobreposta por um fio de secção rectangular, torcido e soldado ao disco. O reverso dos botões apresenta uma presilha central, resultante do aproveitamento de um fragmento do referido fio torcido, o qual foi batido, designadamente nas extremidades, para uma mais fácil soldadura.

Os botões dos Ratinhos têm paralelos estreitos em botões de ouro de duas outras proveniências: Outeiro da Cabeça (Torres Vedras) e Fortios (Portalegre), coleções expostas parcialmente na Sala do Tesouro, MNA.

Métodos instrumentais de análise (EDXRF e Micro-PIXE) permitiram caracterizar estas três coleções a partir do conteúdo elementar da liga, tipo de soldadura e tecnologia utilizada. Essa caracterização, tendo também em conta a tipologia, permite concluir pela grande semelhança entre as três coleções, o que sugere uma mesma oficina de ourives por detrás da sua manufatura.

Os botões dos Ratinhos, tendo sido encontrados em escavação arqueológica, com contextos datados pelo radiocarbono, permitem atribuir estas joias a um Bronze Final tardio (séc. VIII a.C.), quando se começavam já fazer sentir influências orientalizantes provenientes do extremo sul peninsular, embora os botões se insiram numa metalurgia indígena, não Orientalizante.

Museu Nacional de Arqueologia. Entrada Livre

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