27/06/2014

A peça do mês comentada - Máscara Dembo (Angola) Nº E 6882

No dia 21 de Junho, no Museu Nacional de Arqueologia, no âmbito do programa “Peça do mês comentada”, foi palco de uma interessante exposição, efetuada por Manuela Cantinho Investigadora da Sociedade de Geografia de Lisboa, acerca da Máscara Dembo atualmente presente na exposição temporária “Africa Reencontrada: o ritual e o sagrado em duas coleções públicas portuguesas”.


Incluída no acervo do Museu Nacional de Arqueologia, a Máscara Dembo (Angola) Nº E 6882 foi recolhida durante uma campanha militar portuguesa em 1913, ao dembado (região controlada por um Dembo=Chefe) de Cacula Cahenda, localizado a norte de Luanda. Nesta ação militar foram apreendidos muitos objetos, que foram oferecidos ao Museu da Sociedade de Geografia de Lisboa. A ficha de inventário do MNA apenas apresenta o nome do doador (Carlos Maia Pinto) que teria transmitido a José Leite de Vasconcelos a informação ali conservada “Máscara dos Dembos, Caculo Cahenda).





Na mesa, apresentando a conferencista Manuela Cantinho, António Carvalho, acompanhado por Ana Isabel Santos co-comissárias da exposição.
Segundo a investigação de Manuela Cantinho foi possível concluir que a máscara teria integrado o espólio recolhido pelo alferes David Magno, no forte de Santo António de Cacula Cahenda, que comandou a referida campanha militar de 1913.
Segundo Manuela Cantinho, este artefacto apresenta uma série de características muito raras. Destaca-se o facto de ser dos poucos exemplares que ainda exibem pintura (em meados do século XX apenas eram referidos em testemunhos orais) e de conservar ainda um fragmento de vidro espelhado numa das aberturas para os olhos. Esta particularidade, presente em estatuetas Ncongo, é até ao momento, única em máscaras faciais.




Pelas suas especificidades é possível que fosse uma máscara de um adivinho-curandeiro (quilamba), desconhecendo-se no entanto qual o traje que completaria esta máscara bem como a sua forma de utilização/posição.




A preleção sobre este artefacto terminou em plena exposição, uma cooperação MNA/IICT, comissariada por Ana Isabel Santos e Ana Cristina Martins, onde puderam ainda ser apreciados alguns pormenores e complementada a apresentação com algumas observações, numa viva troca de ideias entre os participantes deste evento.



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