06/05/2016

2ª peça do mês de maio

O Museu Nacional de Arqueologia conserva uma das mais importantes coleções de joalharia existentes em Portugal. Resultantes na sua maioria de escavações arqueológicas, ofertas ou aquisições. Através do seu estudo e contemplação consegue-se acompanhar a evolução da arte dos materiais preciosos no território nacional desde os finais do III milénio a. C. à alta idade média, cronologia a que a maioria das peças se situa.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às coleções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas como "tesouros nacionais". No entanto, há ainda espaço para receber exposições temporárias com bens culturais, alguns de cariz único, cedidos por outras instituições. 
Existe, pois, sempre motivo de descoberta no MNA e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.



PEÇA DO MÊS COMENTADA
O Phanes Mitraico, na exposição Lusitânia Romana. Origem de Dois Povos
A apresentar por Cátia Mourão
21 de Maio, às 15h30


Uma das peças mais enigmáticas e com maior impacto na exposição Lusitânia Romana. Origem de Dois Povos é a imagem de um jovem desnudado, enrolado por um enorme ofídio, com uma cabeça de leão no peito e outra de bode aos pés. Esculpida em mármore, à escala humana, apresenta algumas lacunas que terão implicado a perda de importantes atributos e dificultam a sua identificação. Embora dada como efígie de Mitra, não detém os elementos mais característicos desta divindade de origem oriental, ligada ao culto solar, nem parece ter integrado as cenas principais da sua iconografia no Ocidente. Com efeito, em termos visuais e simbólicos será mais próxima de Phanes (deus alado, da vida e da criação, referenciado no Eros grego e no Osíris-Chronocrator egípcio, e contemplado no culto órfico), de Arimanius (deus leontocéfalo, que poderá representar a faceta mais agressiva deste antropocéfalo e que era venerado no culto mitraico) e ainda de Aion (deus do tempo cíclico e eterno, que não seria estranho ao culto mitraico). Os atributos animais remanescentes reiteram-no como divindade temporal: o felídeo poderá indicar o tempo presente, solar; o ofídio o tempo eterno, lunar; o caprídeo o tempo cíclico, sobretudo se tiver estado em oposição a um ovídeo. Parecendo resultar de um sincretismo religioso, a figura provirá do Mithræum de Mérida e pertence ao Museo Nacional de Arte Romano.

Entrada livre


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