12/11/2015

Peça do mês de novembro

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objetos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, mas também de aquisições, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e colecionadores.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às coleções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de bens culturais classificados como “tesouros nacionais”.

Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas coleções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.


Créditos fotográficos ERA-Arqueologia

PEÇA DO MÊS COMENTADA
14 de novembro de  2015, às 15h:30
A apresentar por Catarina Viegas

Prato de terra sigillata clara da Quinta de São Vicente 5
(Ferreira do Alentejo)


Designamos por terra sigillata um conjunto vasto e diversificado de produções cerâmicas que foram produzidas em distintas áreas do Império Romano (na Península Itálica, Sul da Gália, Hispânia, Norte de África e Mediterrâneo oriental), desde o século I a.C. até ao século VI d.C. Como elemento comum possuem o facto de terem sido utilizadas no consumo de alimentos à mesa. 
O prato de sigillata clara C, recuperado nos trabalhos dos blocos de Rega do Alqueva, foi importado da Bizacena (centro da Tunísia) e integra-se na forma Hayes 50. Foi utilizado como oferenda num contexto funerário, tratando-se da forma mais comum deste tipo de sigillata, em contextos dos séculos III e IV. 
Além deste prato, a sepultura 13, que correspondia ao enterramento de um adulto do sexo masculino, continha ainda um pequeno recipiente de produção local, uma peça de vidro e uma lança em ferro. O conjunto foi recuperado numa necrópole parcialmente escavada no âmbito dos trabalhos arqueológicos realizados no sítio da Quinta de São Vicente 5 (Ferreira do Alentejo), suscitados pela construção dos Blocos de Rega de Ferreira, Figueirinha e Valbom em 2013. Os trabalhos arqueológicos estiveram a cargo da Era-Arqueologia e foram dirigidos pela arqueóloga Dr.ª Margarida Figueiredo e pela antropóloga Dr.ª Zélia Rodrigues.
A presença deste tipo de materiais num contexto de necrópole é bastante frequente, refletindo o consumo e circulação de cerâmica de mesa importada no interior alentejano, numa área com povoamento rural em época romana certamente dominado por estabelecimentos rurais tipo villa. 
De volta ao mundo dos vivos iremos ainda procurar mostrar a evolução da baixela de cerâmica importada em época romana, desde o período Republicano à Antiguidade tardia, tentando reconstituir a mesa romana. 

Museu Nacional de Arqueologia. Entrada Livre

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