13/10/2014

Peça do mês de Outubro

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares de objectos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e coleccionadores.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas mais recentes, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas como "tesouros nacionais".
Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.

PEÇA DO MÊS COMENTADA
Forma de açúcar Nºs Invº DGPC.CNANS.RAVB 81.E3; RAVB 93/01A
Ria de Aveiro B/C

A apresentar por André Teixeira (CHAM/UNL), em 18 de Outubro de 2014 às 15h




O açúcar foi o grande motor da expansão portuguesa no Oceano Atlântico entre os séculos XV e XVII. Experimentado com sucesso nos arquipélagos da Madeira e de São Tomé e Príncipe, cultivado também nos Açores e em Cabo Verde, adquiriu um significado particularmente expressivo no imenso Brasil. Transportado a partir do Mediterrâneo para estes espaços revelados pelos Descobrimentos, foi o grande impulsionador do povoamento daqueles territórios, já que o seu cultivo e exportação para a Europa assegurava lucros elevados. Outros povos europeus seguiram os portugueses na plantação da cana sacarina, desde logo os vizinhos ibéricos, tanto nas Canárias, como nas Antilhas. Enfim, a generalização do açúcar nos mercados europeus acarretou profundas mudanças nos hábitos de consumo alimentar.

O estudo desta temática tem-se baseado essencialmente nos testemunhos escritos. No entanto, mais recentemente, ganhou interesse a investigação arqueológica de antigos sítios de engenho do açúcar, unidades produtivas que associavam o cultivo, a transformação e a preparação para a comercialização. Neste âmbito surgiram as denominadas formas de açúcar, recipientes cerâmicos essenciais no processo de purga deste produto, reconhecidas neste tipo de contextos. Igualmente relevante foi a sua descoberta no território continental português, em locais que parecem ter fornecido os centros açucareiros do Atlântico deste tipo de produção oleira. É um destes casos em que se enquadra a peça em análise, ponto de partida para esta viagem pela arqueologia da expansão portuguesa no Atlântico.


Museu Nacional de Arqueologia - Sala Bustorff. Entrada Livre

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