26/04/2017

Peça do mês de abril

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de várias centenas de milhares de bens culturais. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, mas também de aquisições. As peças foram incorporadas por iniciativa do próprio Museu ou por depósito e doação de investigadores e colecionadores. Às coleções portuguesas acrescentam-se ainda as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas. Todos os períodos cronológicos e culturais, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, relevando-se, neste caso, as peças etnográficas, estão representados no MNA. O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de bens culturais classificados como “tesouros nacionais”. Existe, pois, motivo constante para a redescoberta das coleções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa, em diálogo com o diferente tipo de atividades que o mesmo desenvolve.


Peça(s) do mês de abril
Duas bilhas do Neolítico Antigo no MNA
E 5101; MNA 2005.200.1
Apresentado por Victor S. Gonçalves
Sábado, dia 29 de abril, às 15h30

© Arquivo de Documentação Fotográfica DGPC.MNA

O Neolítico antigo regista em todo o Próximo Oriente – e logo a seguir por todo o Mediterrâneo – um acontecimento artefactual de primeira grandeza, a descoberta e uso da cerâmica.
E, nas suas primeiras fases, a cerâmica é o suporte para uma decoração muito diversificada, impressa, incisa, pintada... Mas é também um extraordinário exercício de design e tratamento de formas, algumas delas adequadas a funções específicas.
Em Portugal, a descoberta que também tínhamos Neolítico antigo é relativamente tardia e deve-se certamente à intervenção de um dos maiores arqueólogos europeus, Jean Guilaine. O artigo que ele assina com Veiga Ferreira em 1970 é realmente o ponto de partida para uma série de escavações e análises de materiais arqueológicos sem precedentes. Historicamente, são as escavações em Sines de Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares que, ao serem publicadas, abrem os desertos que os trabalhos de Manuel Heleno tinham deixado nas trevas.
Já no nosso século, o estudo de materiais como os de Valada do Mato, Xarez 12, S. Pedro de Canaferrim, e vários outros lugares abriram novas perspetivas para a Península de Lisboa e para o Alentejo.
Entre as muitas formas cerâmicas identificadas, surgiu uma situação peculiar: um determinado vaso, em forma de bilha, decorada ou não, com asas verticais, que apresentava a particularidade de aparecer isolado, sem contextos diretos. O Museu Nacional de Arqueologia tem, pelo menos, dois vasos que entram nessa situação, um proveniente de Santarém e outro da Herdade do Monte da Vinha, Santiago do Cacém.
Ao estudar-se agora o grande vaso da mesma tipologia proveniente da Retorta (Loulé) fez-se uma revisão de esta realidade, registada desde Casével até ao Extremo Sul.


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