22/09/2016

22 de setembro – Outono

Sarcófago das vindimas 

Castanheira do Ribatejo
III d.C. - Época Romana
Museu Nacional de Arqueologia, 994.20.1



Sarcófago de mármore branco, de pequeno tamanho, com as extremidades arredondadas e a forma geral de uma cuba de vinificação (lenós), mostrando, na face principal, o retrato de uma jovem no interior de um medalhão assente sobre um vaso, donde saem ramos de oliveira, parras e cachos de uvas que vão preencher todo o espaço da face principal e principalmente das laterais. A peça foi concebida para ficar encostada a uma parede, razão pela qual a face oposta não mostra qualquer decoração. O busto representa uma menina vestida de um “colobium”, uma túnica pregueada, sem mangas, presa aos ombros por duas fíbulas, cabelos em bandós e atados na nuca, olhos com marca da pupila. Entre as ramagens aparecem pequenos cupidos, cestas de vindimas, aves e animais campestres como coelhos, cobras, escorpiões, lagartos, caracóis e gafanhotos.

É evidente o significado báquico ou dionisíaco de toda a composição, relacionado com a felicidade da vida além-túmulo. O sarcófago, um trabalho cuidadoso feito talvez em oficinas do oriente mediterrânico, foi certamente importado com o medalhão por acabar tendo-se, no termo da viagem, esculpido a efígie da menina depositada no túmulo – o que explicaria também que o retrato se apresente esteticamente menos conseguido que o belo conjunto escultórico envolvente. O penteado da menina e os elementos decorativos permitem, do ponto de vista técnico e temático, datar de meados do século III d.C. o fabrico da peça.

Aquando do seu achado encontrava-se a servir de tanque de lavar a roupa e de amanhar peixe. Foi adquirido por Manuel Heleno em 1945, então diretor do MNA.

Pode ser apreciado na exposição “Religiões da Lusitânia”.


Sem comentários: