29/05/2015

Inauguração da Exposição de Arqueologia "Quem nos Escreve desde a Serra"


A escrita do Sudoeste

Na Península Ibérica, há mais de 2500 anos, numa época de grandes inovações tecnológicas e transformações culturais, os povos do Sul de Portugal e da Andaluzia, a partir do alfabeto fenício vindo do Mediterrâneo Oriental, criaram uma escrita própria da língua falada na região: a escrita do Sudoeste. Concentrados na serra do Algarve, existem poucos vestígios desta escrita, cerca de cem, e a maioria é encontrado em estelas: blocos de pedra fixados no solo, onde o texto era gravado e escrito em arco, na direção contrária à nossa: de baixo para cima e da direita para a esquerda. É nesta região que autores da antiguidade clássica referem a existência de gente especialmente culta e desenvolvida. Segundo Estrabão (historiador e geógrafo grego do século I d.C.) “possuem uma gramática e escritos de antiga memória, poemas e leis em verso”. 

A distribuição espacial das estelas, no atual território português, assinala que a serra de Mú e Caldeirão, entre o Algarve e o Baixo Alentejo, é um dos epicentros deste fenómeno. Aqui, podem ser assinaladas dois conjuntos, um a Sul, na transição da Serra com o Barrocal, entre Benafim e Salir, onde foram encontradas as estelas da Fazenda das Alagoas, Viameiro e Barradas e que com as estelas encontradas em Bensafrim (Lagos) e São Bartolomeu de Messines (Silves) traçam o limite Sul da concentração de estelas com escrita do Sudoeste. E o outro, a Norte, em torno das Ribeiras do Vascãozinho, Vascanito e do Vascão, confirmando este local com uma das três principais concentrações deste tipo de vestígios epigráficos, que engloba sítios arqueológicos hoje localizados em Loulé e em Almodôvar.

O primeiro fragmento de uma estela com escrita do Sudoeste do concelho de Loulé foi encontrado em 1897. Mais de uma centena de anos depois, a identificação destes monumentos epigráficos deve-se ao precioso contributo de inúmeros louletanos, investigadores e apaixonados pela arqueologia, como o Prior de Salir, José Rosa Madeira, José Viegas Gregório, Isilda Martins e Victor Borges. A eles se juntam ainda investigadores como Ataíde de Oliveira, José Leite de Vasconcelos, Manuel Gómez de Sosa, Caetano de Mello Beirão, que contribuíram para a identificação de dez estelas repartidas pelos conjuntos de Benafim/Salir e do Ameixial e para a investigação da escrita do Sudoeste.

Por outro lado, o Museu Nacional de Arqueologia é atualmente a instituição com a maior coleção de estelas com escrita do Sudoeste, o que faz dele um dos locais obrigatórios para a sua investigação e divulgação.

A importância deste património arqueológico foi recentemente reconhecida pela BBC que esteve a filmar as estelas com escrita do Sudoeste e a paisagem onde estas foram encontradas nos concelhos de Almodôvar e Loulé para a realização de um novo documentário histórico de três episódios que irá ser apresentado até ao final do ano.

A exposição resulta de uma colaboração da Câmara Municipal de Loulé com o Projeto ESTELA. Este projeto tem a preocupação de transformar o conhecimento científico adquirido no reforço da identidade das pessoas com o seu património e de criar com esta informação uma paisagem cultural. Nascido em 2008, tem por primeiro objetivo a sistematização da informação das estelas com escrita do Sudoeste, através da caracterização dos contextos, da cultura material e do território dos sítios arqueológicos da serra do Algarve e do Alentejo, contribuindo para a revisão e produção de conhecimento sobre a sociedade que aí habitou, nos meados do 1º milénio a.C..


Exposição

A exposição está concebida para mostrar como este fenómeno resulta de um processo histórico e patrimonial e vai interagir com o espaço público. Localizada na entrada do Museu Nacional de Arqueologia, após mais de dois séculos de investigação sobre o tema, a exposição apresenta conteúdos escritos devidamente ilustrados e está organizada para dar a conhecer este período, a escrita do Sudoeste, onde habitavam e como viviam e morriam essas comunidades, os investigadores, os conjuntos de estelas conhecidos em Loulé e a importância do Museu Nacional de Arqueologia na preservação e investigação destes materiais arqueológicos.

Os conteúdos são sucintos e concentrados na transmissão das ideias principais, num discurso contemporâneo e criativo que satisfaz mais do que um tipo de visitante, ou seja, é transversal nas faixas etárias, no nível de conhecimento e nos graus de interesse. Assegurou-se ainda que a exposição não tem constrangimentos de acessos e horário, proporcionando ao visitante uma curta duração no tempo de visita. Refira-se ainda que esta é bilingue (português e inglês), permitindo uma compreensão dos conteúdos por visitantes além-fronteiras.

Esta exposição tem o apoio da equipa portuguesa do Projeto EMEE -  Eurovision Museums Exhibiting Europe.


Mais informação 

Projeto ESTELA

Vídeo da execução da exposição

Conteúdos da exposição


28/05/2015

Primeiro assassínio da história foi há 430 mil anos em Espanha

O primeiro assassínio confirmado da História tem pelo menos 430 mil anos e aconteceu em Espanha. Dados apurados por um estudo que investigou lesões cranianas fatais.



O estudo, publicado, quarta-feira, na revista Plos One, analisa as lesões mortais ao crânio sofridas por um dos mortos encontrados em Sima dos Ossos, em Atapuerca, na província espanhola de Burgos, um local onde continuam a ser encontradas novas informações que pouco a pouco ajudam a reconstruir a evolução humana.

O crânio em causa foi recuperado junto aos restos mortais de mais 27 pessoas em escavações que foram realizadas entre 1990 e 2010, tendo os investigadores concluído que todos pertencem ao mesmo grupo e que tinham 430 mil anos.

Os restos mortais estavam enterrados todos juntos, um facto que durante décadas gerou um dos maiores debates da pré-história mundial.

Para a equipa de Atapuerca - que junta investigadores de várias universidades espanholas, do Centro Misto de Evolução e Comportamentos Humanos, da Fundação Basca para a Ciência e de outros centros de investigação de Paris, Pequim e Nova Iorque - esta acumulação de cadáveres pode considerar-se como o primeiro indício de um enterro ou ato funerário.

Leia aqui o estudo publicado na revista Plos One.

27/05/2015

Convite

O Diretor-Geral do Património Cultural, o Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, o Presidente da Câmara Municipal de Loulé e o Projeto Estela têm a honra de convidar V. Exª para a inauguração da exposiçã itinerante Quem nos escreve desde a Serra, sobre a escrita do Sudoeste e a Idade do Ferro, no próximo dia 30 de maio pelas 21h00, na entrada do Museu Nacional de Arqueologia.



Na inauguração haverá lugar a uma abordagem contemporânea do tema pelos artistas plásticos El Menau e Ângela Menezes.



Para mais informação siga o Blog ou goste da página de Facebook . Divulgue e partilhe-a com os seu amigos!

26/05/2015

Sessão de informação e debate



A civilização contra a barbárie:

Património Cultural, memória da humanidade

Contra a destruição de monumentos e museus no Próximo/Médio Oriente e no Norte/Centro de África


Sessão de Informação e Debate

Dia 3 de Junho, 18h00

Museu Nacional de Arqueologia


Dizem as agencias noticiosas em todo o Mundo que Palmira, Cidade Antiga, Património Mundial da Humanidade, foi esta noite tomada pelas tropas do exército do chamado “Estado Islâmico do Iraque e do Levante”, vulgo ISIS. Depois dos desmandos inomináveis feitos em Mari, Nimrud, Mossul, Zenobia, Aleppo e tantos outros locais é caso para todas as pessoas de boa vontade temerem o pior, num sentimento misto de consternação e revolta. Não sendo inédita a sanha demencial de diferentes ideologias extremistas relativamente aos bens memoriais do passado, havendo mesmo no presente casos em parte equivalentes no Norte e Centro de África, assim como noutras áreas do Próximo e Médio Oriente, importa sublinhar o extremo sem limite atingido nos territórios da Síria e do Iraque.

A Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), no plano nacional, e o Conselho Internacional dos Museus (ICOM), no plano mundial, neste caso sobretudo através da organização do Escudo Azul e da “task force” especificamente criada para o efeito, acompanham com a maior apreensão a situação em referência e sentem-se na obrigação de mobilizar todos os cidadãos, a chamada opinião pública, para um combate de civilização contra a barbárie.

Trata-se aqui plenamente de civilização, juntando num mesmo paradigma a denúncia do mais aviltante vilipêndio da vida humana, com o mais abjeto desprezo da sua memória surda, registada em monumentos e museus. Constituem ambos as duas faces de uma mesma moeda, como bem adverte a UNESCO ao questionar-nos a todos pela razão porque nos preocupamos com tais bens: “Perdem-se vidas humanas, famílias tornam-se refugiadas, crianças são mutiladas… porque ter cuidado então com os monumentos ? Porque algum dia os conflitos terminarão, algum dia as pessoas regressarão às suas casas, algum dia novas vidas serão reconstruídas… e o património cultural será então a sua identidade”.

É tendo em conta todo este enquadramento que a Associação dos Arqueólogos Portugueses, com o apoio de diversas outras organizações nacionais e europeias, a participação de embaixadores e representantes diplomáticos de países afetados e a contribuição especial de S. Exa. o Senhor Doutor Jorge Sampaio, antigo Presidente da República Portuguesa e Alto Representante das Nações Unidas para o Diálogo das Civilizações, entendeu promover uma sessão de informação e debate, subordinada ao tema “Património Cultural, memória da humanidade”, que terá lugar no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, no dia 3 de Junho próximo, pelas 18h00, para a qual se convidam todos os interessados.

Agradecemos a divulgação e ficamos ao dispor para prestar todos os esclarecimentos adicionais, assim como para dar apoio a todos os trabalhos jornalísticos que entendam promover.

Lisboa, em 21 de Maio de 2015

Luís Raposo

Vice-Presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP)

Vice-Presidente do ICOM Europa

Antigo Presidente da Comissão Nacional Portuguesa do ICOM (2008 a 2014)

Antigo Diretor do Museu Nacional de Arqueologia (1996 a 2012)

Contacto telefónico: 963654785

25/05/2015

2º Encontro Nacional de Contos Indígenas


Irá decorrer no Alandroal, entre os dias 5 e 6 de Junho, o 2º Encontro Nacional de Contos Indígenas.


Água, penedos e fráguas, naves, arquinhas e antões, veigas e serranias, furnas, covas e bocas infernais, pedras parideiras, rochas de namorar e montes sagrados, mouras e cristãos, encantados e fadados, almas penadas e lobisomens, espíritos malignos e sortilégios benfazejos... tudoem Portugal nos remete para a londa história dos milénios, que a arqueologia procura desvendar.



Junta-te a nós nesta demanda, escolhe algum dos lugares da tua região, das estórias que o povo conta e procura-lhes as origens arqueológicas ou históricas. Vem depois partilhar connosco, usando todos os recursos narrativos que entendas apropriados.



Desafia-te, desafiando-nos também.



Destinatários: Inventores e contadores de estórias, pessoas com memória e povo em geral, jovens que gostam da vida, enfim, todos.


Mais informações e outros contatos:
Mário Antas
marioantas@mnarqueologia.dgpc.pt
marioantas@gmail.com
Tel 213 620 000

Vera Oliveira

vera.oliveira@dglab.gov.pt
Tel 210 037 426




Conferência "A History of Geological Therapies"

Conferência pelo Doutor Chris Duffin, do Museu de História Natural de Londres

1 de Junho, segunda-feira, 18:00

Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa


Chris Duffin

The Natural History Museum, London

Biography: Originally trained as a geologist, Chris Duffin spent most of his working life as a High School teacher in south London. Following a Ph.D. in Vertebrate Palaeontology at University College London in 1980, he has published extensively (over 160 papers) on a wide range of fossil groups including crocodiles, lizards and barnacles, but is particularly concerned with sharks and their allies. He recently co-authored the Handbook of Paleoichthyology Volume 3D . Chondrichthyes. Paleozoic Elasmobranchii : Teeth (2010, Friedrich Pfeil Verlag). The history of Geology is a relatively recent interest and has borne fruit in a Special Publication of the Geological Society of London entitled A History of Geology and Medicine (Duffin, Moody & Gardner-Thorpe 2013). Chris received the Palaeontological Association’s Mary Anning Award for outstanding contributions to palaeontology in 2011 and is currently a Scientific Associate at the Natural History Museum in London.

A History of Geological Therapies

Virtually every culture in the world has made use of geological materials to treat their sick. These geopharmaceuticals often supposedly acted by sympathy, transference or natural magnetic powers. This lecture will examine the ways in which a variety of rocks, minerals, fossils and earths were employed by healers and apothecaries from the second millennium BCE to around 1750, taking into account Babylonian, Assyrian, Egyptian, Roman, medieval Arabic, Chinese and Western practices, based both upon artefacts and written accounts. Lapis lazuli, for example, was used to treat eye conditions and tinnitus by the Assyrians, and used in specialized cosmetic and medicinal kohls by the Egyptians. Various clays, mostly from the Mediterranean area, were worked into small cakes and their provenance authenticated with symbols; these terra sigillata were used extensively to treat digestive disorders and as ingredients in a wide range of medicines used against all sorts of diseases. Even precious stones utilized in the war against ill health. A well-stocked geological collection could provide medicaments for an enormous diversity of ailments.

Entrega dos prémios do Concurso de Fotografia "As Rotas de Frei Manuel do Cenáculo

Decorreu no passado dia 16 de Maio, no Museu Nacional de Arqueologia, a cerimónia de entrega dos prémios do Concurso de Fotografia " As Rotas de Frei Manuel do Cenáculo", com o apoio da CM de Sines, DGPC e do MNA/EMEE - Eurovision Museums Exhibiting Europe (Portugal).

Ricardo Pereira em representação da CM de Sines, fez a entrega dos prémios, conjuntamente com Isabel Inácio e Ricardo Simões da equipa do MNA/EMEE Portugal.









20/05/2015

Comemorações da Noite dos Museus e Dia Internacional dos Museus

Mais de três mil pessoas honraram-nos com a sua visita nos dias 16 e 18 de Maio, na nossa comemoração da Noite dos Museus e Dia Internacional dos Museus. Os visitantes puderam, assim, escolher visitar livremente o Museu ou participar nas actividades que tínhamos preparadas para acolhê-los.


Visita livre à exposição Tesouros da Arqueologia Portuguesa


Atelier A Máscara e eu. Tradição e Criatividade


Visita guiada à exposiçao O Tempo Resgatado ao Mar


Oficina Ontem e Hoje. Um Mundo de Objetos


Oficina Ontem e Hoje. Um Mundo de Objetos



Oficina Ontem e Hoje. Um Mundo de Objetos


Aspeto da Receção 1


Aspeto da receção 2


Visita livre à exposição O Tempo Resgatado ao Mar


Olha! No meu telemóvel os objectos ganham vida!


Olha! No meu telemóvel os objectos ganham vida!

15/05/2015

Noite dos Museus e Dia Internacional dos Museus

O Museu Nacional de Arqueologia festejará mais uma vez este evento, nos dias 16 e 18 de maio, com um programa variado destinado a todos os visitantes que nesta data nos distinguem com a sua preferência.




16 de maio

15h30 - Conferência - Peça do mês de maio - Peça do Mês - A lápide funerária do Bispo Iulianus (991 d.C.)

Manuel Luís Real apresenta-nos a lápide funerária do bispo Iulianus, personalidade singular no Gharb al-Andalus e cujo óbito ocorreu em 991 d. C..Trata -se do artefacto arqueológico mais importante encontrado até hoje, relativo à moçarabia em território português e cuja incorporação no MNA data de 1999, após ter figurado na exposição «Portugal Islâmico: Os últimos sinais do Mediterrâneo». Está classificada como "obra" de interesse nacional.

17h30-19h00; 21h00-23h00 - Ateliê/Oficina/Jogo - Ontem e hoje: um mundo de objetos

No âmbito do EMEE, "um objeto muitas visões", sugerimos um jogo de associação entre os objetos da coleção e objetos atuais da vida quotidiana.

21h00-23h00 - Outro - Olha! No meu telemóvel os objetos ganham vida!

Novas tecnologias, novas visões dos objetos, atividades hands-on com recurso à realidade aumentada.


18 de maio

11h00 - Visita orientada - N'gola-N'dongo - Tradição e Arte (etnografia de Angola nas coleções do MNA).

Na continuidade do projeto iniciado em colaboração com o Instituto de Investigação Cientifica Tropical (IICT) de estudo e divulgação de importantes acervos africanos existentes nas coleções nacionais, apresenta-se um conjunto de objetos rituais, de onde se destacam escultura, instrumentos musicais e objetos de adorno e outras expressões da tradição artística da região.

15h00 - Visita orientada - O Tempo Resgatado ao Mar.

Através do acervo exposto convida-se o participante a desvendar as histórias que os objetos e seus contextos guardam. A exposição permite conhecer os principais resultados da atividade arqueológica náutica e subaquática realizada nos últimos trinta anos.

16h00 - Visita orientada - Antiguidades egípcias: A Mumificação

No Antigo Egito acreditava-se que, após a morte, os justos podiam viver eternamente no Além. Para se alcançar a eternidade era fundamental preservar o corpo do defunto. Convida-se o participante a descobrir o processo de mumificação e o ritual da preparação do corpo do defunto como uma etapa para garantir a eternidade.

10h30-12h30; 14h30-17h30 - Ateliê/Oficina/Jogo - A Máscara e Eu: Tradição e Criatividade

A exposição «Máscara ibérica» é o pretexto para uma incursão ao mundo das tradições ibéricas relacionadas com a produção e uso da máscara. Assim, convidam-se os participantes a usar a imaginação e muita cor para a execução da sua máscara.

10h00-12h30; 15h00-17h00 - Ateliê/Oficina/Jogo - Ontem e hoje: um mundo de objetos

No âmbito do EMEE, "um objeto muitas visões", sugerimos um jogo de associação entre os objetos da coleção e objetos atuais da vida quotidiana.

15h00-17h00 - Outro - Olha! No meu telemóvel os objectos ganham vida!

Novas tecnologias, novas visões dos objetos, atividades hands-on com recurso à realidade aumentada.



Belém Art Fest

Começa hoje o Belém Art Fest.

Consulte na imagem abaixo o programa dos espectáculos a decorrer no Museu Nacional de Arqueologia.



Peça do mês de maio

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, mas também de aquisições, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação de investigadores e colecionadores.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às coleções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas como "tesouros nacionais".

Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas coleções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa.



Peça do Mês
Lápide funerária do Bispo Iulianus
(nº inv. 2003.48.1)
Por Manuel Luís Real


A presente lápide é a peça arqueológica mais emblemática relativa à cultura moçárabe em território português. A sua importância deve-se ao conjunto de factores, que convém salientar. Primeiramente, dá-nos o nome de um bispo cristão a residir no Algarve ainda em finais do séc. X. Além disso, trata-se de uma peça erudita que, pela sua tipologia e contexto, revela como este prelado convivia num ambiente culturamente superior. É ainda de realçar a circunstância do enterramento pio de um líder cristão, em plena época de Almançor, ser publicitado através de um epitáfio que exorta os fiéis a orar pelo defunto. Finalmente, a alusão à ultrapassagem do ano mil - da Era de César - também não deixa de ter, aqui, um significado escatológico e cultural.

A epígrafe está datada de 12 das Kalendas de Abril, do ano 29º posterior ao início da Era Milésima (21 de Março de 991, na Era cristã). Depois de aludir aos restos mortais do bispo Julião, apresenta a data do seu falecimento e adverte o leitor para que não deixe de rezar pelo defunto, pois alcançará também a protecção de Cristo Senhor. A ordinatio é cuidada, sendo as letras e os sinais de abreviatura desenhados também com grande qualidade. E a expressão hic requiescunt membra, apesar de invulgar, encontra-se nos meios eruditos de Sevilha e Córdova. É particularmente relevante, aliás, o paralelismo com o epitáfio de Salvado (982 d. C.), aparecido em Córdova e que, hoje, se encontra depositado no Museu Arqueológico de Sevilha.

A epígrafe apareceu na Quinta do Muro, em Cacela Velha, segundo particulariza Estácio da Veiga em 1887, nas suas Antiguidades Monumentais do Algarve (vol. 2, p. 397). A proveniência de Cacela já fora referida por J. C. Ayres de Campos dez anos antes, não obstante E. Hübner ter mencionado a epígrafe como originária da Fonte Salgada (Tavira). Este erro veio lançar confusão, durante largos anos, sobre o verdadeiro local de achado, o que foi de novo esclarecido, recentemente por Cristina Garcia. A própria peça veio a ser dada como perdida, mas reencontrou-se há alguns anos atrás, após o que veio a ingressar na coleção do Museu Nacional de Arqueologia.

A confirmação da proveniência de Cacela tem significado especial, no contexto da época. Embora Faro continuasse a ser sede de bispado, talvez por ser uma cidade ainda bastante povoada de cristãos foi entrando em decadência, a favor de Silves, Chegou mesmo a ser referida como "caria", ao invés do que se passava em Cacela, que então se torna na segunda cidade mais importante do Algarve. Além disso, vivia um momento brilhante no domínio da poesia e do direito, com íntima ligação à corte Califal. Quanto à população de Faro, ela sentia motivos para se achar insegura, pelo menos desde a surtida viking na vizinha foz do Arade. Esta aproximação do bispo Iulianus a aliás, Cacela, onde dispunha de uma mansão - talvez para uso temporário - é compreensível no plano cultural, o que é confirmado, pela ligação estilística desta lápide à arte epigráfica praticada em Córdova.


12/05/2015

X Festival Internacional "Máscara Ibérica"

No decurso do X Festival Internacional Máscara Ibérica, que decorreu em Lisboa entre os dias 7 e 10 de Maio, o grupo Pantallas de Gaiteiros de Xinzo de Limia, da Galiza, atuou, dia 10, no Museu Nacional de Arqueologia.









Recorde-se que a galeria de exposições bidimensionais do Museu tem patente a mostra “Máscara Ibérica”, composta por uma seleção de imagens e peças recolhidas nas mais variadas festas populares e tradicionais da Península Ibérica. 
A exposição presente no MNA é composta por uma seleção de 25 imagens que pretendem ilustrar o "Homem por trás da Máscara" e expõe ainda algumas máscaras originais portuguesas. 




11/05/2015

Formação: A Modernidade do Vidro Romano


Objectivos:
Aprender a reconhecer e classificar vidro romano. Verificar a verdadeira importância do vidro no quotidiano das populações romanas e na economia da época. Dar a conhecer a importância do vidro enquanto material arqueológico na atualidade.  

Programa:  
9h – 10h30 - Introdução ao vidro romano  
Teoria:
 - Breve história do vidro.
 - O vidro romano no quotidiano.
- As diferentes aplicações do vidro em época romana.   

10h30 – 13h - Tecnologia  
Teoria:
 - Produção primária e secundária.
 - Arqueometria do vidro.
 - Técnicas de fabrico e técnicas decorativas.
- A reciclagem.
Prática:
- Como reconhecer vidro romano.
 - Reconhecer os principais grupos de composição química.  

14h – 17h: Formas
Teoria:  
- Forma e função. Catalogação dos vidros romanos.
- A evolução das formas entre o séc. I a.C. e o séc. VI. 
- Descrever e ilustrar vidros romanos.
Prática:
- Reconhecer formas a partir de fragmentos.
- Catalogar e descrever peças.  

Nota: As aulas práticas terão por base duas pequenas coleções de vidro arqueológico de Porto dos Cacos e de Troia. No entanto convidam-se todos os participantes a trazer para as aulas práticas algumas peças ou fragmentos de vidro antigo que queiram identificar e classificar.   

Nota biográfica do formador:
Mário da Cruz é natural de Coimbra onde se licenciou em História, variante de Arqueologia, no ano de 1994. De 1997 a 2001 exerceu a actividade de arqueólogo na Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho. Em 2001 obtêm o grau de mestre em arqueologia pela UM com a tese “Vidros romanos de Bracara Augusta ”. Em 2009 conclui o doutoramento em arqueologia com a tese “O vidro romano no Noroeste Peninsular. Um olhar a partir de Bracara Augusta”. É actualmente bolseiro de pós-doutoramento da FCT; investigador VICARTE, unidade de I&D com sede na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e colaborador CITCEM, unidade de I&D da Universidade do Minho.  

Informações Gerais:
Local: Museu Nacional de Arqueologia
Data: 23 de Maio de 2015
Horário: 09h às 17h
Destinatários: profissionais e estudantes de arqueologia.
Custo: Público geral (30 €); estudantes, sócios CAA e GAMNA, funcionários do MNA e da DGPC (24€). 

Inscrições:
c.arqueo.alm@gmail.com
Tlf: 212766975/Tlm: 963653209

Será emitido certificado de participação.   

06/05/2015

O MNA na Rede Nemo - The Network of European Museum Organisations

O Museu Nacional de Arqueologia congratula-se por ter sido incluído na Rede Nemo, após um processo de candidatura bem sucedido.